quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Ideologia de Gênero nas escolas

Esta semana fui procurado por um jornal para expressar minha posição sobre o assunto Ideologia de Gênero nas escolas. Aqui esta a resposta 



JORNAL- Qual é sua opinião sobre ideologia de Gênero e educação sexual nas escolas?

REVERENDO EDUARDO- O tema ganhou um espaço enorme nas mídias depois da prova do ENEM onde foi feita uma citação da feminista Simone de Beauvoir, “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino” (O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980). Em outras palavras, uma mulher é definida, não pelo sexo biológico com que nasce, mas pela construção social da civilização.
         Ideologia do Gênero, ou IG, como já está caindo no linguajar pedagógico, nada mais é do que uma forma de pensar (que não chamaria sequer de ideologia) que defende que há um sexo biológico e um sexo social. O primeiro é aquele com o qual a pessoa nasce, que não dá para negar (sim, porque dizem que tentativas sérias já foram feitas nesse sentido, mas foram todas fracassadas – sem falar das cirurgias de mudança de sexo).                                                                                                 
         O outro é um “construto” social, histórica e culturalmente condicionado, que tem por norma a liberdade que todo indivíduo tem de definir a sua “preferência” sexual. O pressuposto não-dito dessa crença (vou chamar assim e já explico porque) é que tudo na sociedade são construtos, ou seja, nada é definido, delineado, estável ou seguro. A ideologia por trás dessa pretensa ideologia é que, como acreditava Heráclito e seus seguidores, tudo é móvel, tudo flui, nada é permanente. Uma consciente negação de valores perenes. Com isso, eles se opunham aos seguidores de Parmênides para os quais tudo é permanente e nada muda.
        O que Heráclito esqueceu nessa sua crença é que, com isso, jogava fora toda a tradição, todos os legados e a herança possível para a humanidade e, no limite, jogava fora a própria história. Mas essa ao menos podia ser chamada de ideologia ou sistema de pensamento, por mais equivocado que pudesse ser, tinha algum fundamento, pensadores, seguidores, etc.                                                                                   
 
         Os apologistas da ideologia do gênero desenvolveram sistemas e métodos próprios para alcançar sua meta. Eles tem se mantido bastante ativos, influenciando e mudando as políticas governamentais, a educação pública (vide prova do ENEM), a mídia e a opinião pública, a fim de abolir tudo o que eles entendem que perpetua a dominação masculina e as distinções sexuais, e lhes impor a agenda homoafetiva.
         Não existem estudos mais profundos e sistemáticos que comprovem a teoria do gênero ou da igualdade de gêneros. O assunto é complexo e espinhoso demais para ser sistematizado. Sem falar que essa pretensa “ideologia” é, ela mesma, um construto social e, como todo construto, visa alguma coisa, uma construção.
          
Não há dúvida sobre o fato de que, em muitos países, as mulheres têm sido abusadas, oprimidas, humilhadas e escravizadas. Mesmo nas culturas mais civilizadas, as mulheres continuam a ser abusadas e espancadas por seus maridos. A ideologia de gênero, contudo, não se contenta apenas em fazer justiça aos direitos das mulheres; ela deseja a subversão e reversão dos papéis tradicionais e a abolição de todas as distinções entre homem e mulher, até mesmo a sua identidade biológica. Ora, mas não estamos falando apenas que os meninos com trejeitos não devem sofrer “bullying” na escola. Isso está fora de questão, pois é exatamente o bullying e o preconceito que estão errados. Não se deve achar que é preciso mudar toda a estrutura herdada social e historicamente para evitar o preconceito de gênero.                                                                      
          Seria como se para evitar que uma fruta caísse da árvore, a gente elevasse o chão todo para o nível da fruta. Ora, esse chão chama-se educação e como se não bastassem os problemas e assuntos urgentes a tratar com relação a ela, agora toda a escola tem o dever pregar e doutrinar as crianças na tal IG.                                         
          Não vou entrar no mérito dos interesses políticos por trás desse movimento, pois eles são evidentes até demais, mas vou me limitar a fazer aqui um apelo àqueles cristãos que valorizam a família. Sim, porque o objetivo, o edifício que se está “construindo” é uma sociedade do futuro em que a família seja algo secundário, relativo, e não mais a salvaguarda da educação “de berço” e da tradição de um povo.
        De um ponto de vista teológico podemos dizer que a ideologia de gênero é uma negação da realidade, uma negação da verdade e uma negação da autoridade. A realidade de que a criança nasce com um sexo e gênero é o sinônimo e não algo a ser escolhido, essa negação da realidade é uma violação do mandato social descrito em Gênesis 1 onde lemos que o homem e a mulher deveriam procriar, assim a humanidade só se multiplicaria pelo cumprimento do mandato social, e para que isso acontecesse a sexualidade criada por Deus deveria ser cumprida como no plano original do Criador e não no exercício da homossexualidade ou na neutralidade do sexo. Deus criou o homem para se relacionar sexualmente com a mulher e não com outro homem (Rm 1.24-27). O feminismo em seu formato agressivo de desestabilização da autoridade masculina e exaltação da independência da mulher de toda opressão do sexo oposto também é uma distorção do que dizem as Escrituras sobre o papel da mulher no casamento e o papel do marido (veja Ef 5. 22-33), a submissão da mulher ao marido é estabelecida pelo próprio Deus em sua Palavra e todo ensino contrário é uma afronta a vontade do Criador.
          Aliás, falar em tradição, em algo que seja conservador virou palavrão, até mesmo nos meios cristãos que se deixam contaminar pelo vício do “Zeitgeist” pelo novo e o desprezo pelo velho. Desde C.S. Lewis, que já na sua época criou um nome para essa mania, chamando-a de “chronological snobbery” (esnobismo cronológico) nada mudou na sociedade; aliás, só piorou. Amamos ainda mais a novidade e desprezamos ainda mais o antigo.                                                                      
 
         Como cristãos, podemos perceber os diversos perigos sociais e consequências do crescimento contínuo da ideologia de gênero e sua influência social e cultural em todos os continentes. Primeiro: todas as diferenças sexuais naturais, criadas por Deus de acordo com a Bíblia, são abolidas. “Você pode se reinventar”. Segundo, não é difícil de perceber que a instituição familiar e valores são desafiados. Da mesma forma, não existe mais certo e errado nestes assuntos.          
         A ideologia do gênero representa, no fim das contas, um ataque severo à cosmovisão bíblica Cristã.                                                                                                                   
         E como resultado seria uma retirada da autoridade dos pais de forma sutil e paulatina: A ideologia de gênero está desautorizando e criando um conflito de gerações. É isto que questionamos. De forma alguma um professor pode impor isso [questões de gênero] aos alunos.

Fontes:
andersonvieiranunes.jusbrasil.com.br
http://metalrevista.com.br/2015/09/04/ideologia-de-genero/





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