Mês de Outubro é o mês da reforma protestante é um tempo em que se discute sobre assuntos e temas pertinentes a esta época. A despeito de tanta coisa para fazer, decidi parar tudo pesquisar e escrever sobre um destes temas, em particular um que tem inquietado o meu coração, “o que é ser “puritano”, e o que é ser “neopuritano”.”
Muitas
vezes as igrejas de herança reformada brasileiras são acusadas de terem um
liturgia distorcidas e mundanas e que a melhor forma de cultuar a Deus é a
ensinada pelos neopuritanos. Pois bem, volta e meia tenho visto alguns adeptos
do neopuritanismo advogando a causa de que a igreja deve romper com alguns
comportamentos litúrgicos. Os
que pensam desta forma acreditam que: “O momento de louvor
deve ser desprovido de instrumentos musicais, que as letras das canções devem
ser exclusivamente compostas por salmos, que as mulheres não devem em hipótese
alguma orar na assembleia solene. Se não bastasse isso os que defendem esse
modelo litúrgico são cessacionistas, isolacionistas e extremamente
críticos, advogando para si o modelo correto de cultuar ao Senhor, Abomina,
como se pecado fossem, as sociedades domésticas da igreja e o culto infantil
nos Cultos públicos, Mesmo afirmando, que somente a Bíblia é a nossa única
regra de fé e prática, colocam os nossos Símbolos de Fé em igualdade com
ela (hiper-confessionalidade), Geralmente, conquanto fale muito de piedade, é
afeito a litígios, Não mantém relação com quem pensa diferente; Gosta de
rotular os que não pensam como ele de: pentecostal, evangelical,
neo-ortodoxo, liberal, pragmático, ou de não confessional, Não gosta que o
chamem de neopuritano; não assume que é neopuritano; se defende do
rótulo de neopuritano, acusando os outros de rotularem a todo o mundo; Ora,
o termo puritano em si já carrega uma série de estereótipos. Lamentavelmente
boa parte dos cristãos ao ouvirem essa expressão são tomados pelo mais
puro preconceito, o que se deve em parte ao desconhecimento da história do puritanismo.
Bem,
os puritanos viveram entre o século XVI e XVIII. Eram leigos e ministros
ordenados da Igreja da Inglaterra e das igrejas presbiterianas, batistas e
congregacionais. O apelido “puritanos” foi colocado por seus inimigos,
para ironizar o ideal de pureza que defendiam. Queriam que a Reforma, iniciada
antes, fosse completa. Acusavam que a igreja inglesa havia parado entre Roma e
Genebra. Estavam insatisfeitos porque ela havia se reformado apenas
parcialmente, conservando ainda muitos elementos do catolicismo que
consideravam como contrários às Escrituras. Portanto,
ao contrário do que boa parte da igreja brasileira pensa o conceito de
puritanismo é bem mais amplo do que a visão pudica impetrada por alguns.
A luz deste contexto, vale a pena ressaltar três percepções que tenho quanto ao chamado movimento, neopuritanismo brasileiro[1]:
A luz deste contexto, vale a pena ressaltar três percepções que tenho quanto ao chamado movimento, neopuritanismo brasileiro[1]:
1-
O fato dos neopuritanos possuírem uma liturgia desprovida
de contemporaneidade não aponta necessariamente para uma igreja
comprometida com a santidade. Ora, uma igreja pode ser relevante,
relacionando-se com cultura vigente, desde que a exposição das
Escrituras tenha centralidade no culto
2-
O fato dos neopuritanos possuírem uma liturgia sisuda não significa
necessariamente que a comunidade local esteja se relacionando corretamente com
Deus e sua Palavra, mesmo porque, o que garante que a observância INTEGRAL do princípio
regulador do culto gere vida abundante nos membros da comunidade local?
3- O fato da Bíblia não ordenar o ministério pastoral feminino, não significa dizer que devemos obstruir vocação da mulher como serva do Senhor. Segundo os pressupostos bíblicos não vejo nada que empeça a mulher de servir a Cristo com seus dons e talentos na comunidade local, desde que ela não exerça o papel de governo.
3- O fato da Bíblia não ordenar o ministério pastoral feminino, não significa dizer que devemos obstruir vocação da mulher como serva do Senhor. Segundo os pressupostos bíblicos não vejo nada que empeça a mulher de servir a Cristo com seus dons e talentos na comunidade local, desde que ela não exerça o papel de governo.
Vale
a pena ressaltar que do ponto vista bíblico a igreja precisa se relacionar com
a cidade e com a cultura. É papel dela dar sabor e sentido a sociedade a qual
está inserida. Pois quando o olhamos para as narrativas bíblicas em especial do
Novo Testamento, podemos observar a base relacional de Jesus, e dos apóstolos
com a cultura. Nos evangelhos temos vários relatos de Jesus se envolvendo
diretamente com a cultura judaica, Festas que Ele participava, O encontro com a
mulher samaritana, Jesus e as crianças, a questão do lavar as mãos, o seus
encontros com os publicanos entre outros.
No livro de Atos dos Apóstolos podemos também observar questões
culturais sendo tratadas a igreja judaica e a igreja gentílica, questões como
circuncisão, precisamos entender que Jesus cumpriu todo cerimonial.
No
entanto, entendo perfeitamente que existe uma linha tênue entre
contextualização e sincretização, e que não são poucos aqueles que no desejo de
contextualizar o culto sincretizaram o evangelho.
Todavia,
entendo também que o evangelho é supra-cultural e que os que demonizam uma
cultura demonstram o desconhecimento de um Deus que está acima de qualquer
manifestação cultural. Acredito também que o estilo cúltico puritano de séculos
passados não pode se adequar a multi-facetada cultura Brasileira.
Isto, posto, afirma
sem titubeios que a importação do puritanismo litúrgico da
Escócia e da Inglaterra dos séculos XVI e XVII com todos os seus detalhes não
contribuirão de forma eficaz com a expansão do Reino de Deus em nosso país.
Pense nisso!
Rev. Eduardo Cavalcante (pesquisado e adaptado)
http://tempora-mores.blogspot.com/2006/02/sobre-puritanos-puritnicos-e_24.html http://ipencruzilhada.org/index.php/15-estudos/579-por-que-n%C3%A3o-sou-neopuritano.html http://filosofiacalvinista.blogspot.com/2010/02/o-principio-regulador-do-culto-e-sua.html http://renatovargens.blogspot.com/2012/03/o-neo-puritanismo-brasileiro.html